Tema: Os Dons Milagrosos
INTRODUÇÃO:
O Espírito Santo ao ser derramado, para tornar-se disponível à toda carne, veio acompanhado de manifestações milagrosas que constataram Seu derramamento (Joel 2:28-32; Atos 1:8; 2:1-13).
Os Apóstolos e discípulos no primeiro século exerceram os dons milagrosos do Espírito Santo {Atos 4:33(1:8); 5:12; 6:8; 8:6}.
É muito comum existirem dúvidas sobre este assunto. Mas, não devemos semear divisões por causa das diferenças de entendimento a esse respeito, e sim abrir a bíblia com sinceridade e coragem para chegar á verdade.
Há orientações na bíblia que nos ajudam a esclarecer nossas dúvidas quanto aos dons milagrosos relacionados aos dias atuais; vamos buscá-las nesta lição.
I. A TRANSMISSÃO DOS DONS MILAGROSOS
A. O “dom” e os “dons’ do Espírito - At 8:38-39 e I Cor. 12:8-11
- Há um só Espírito (I Cor. 12:4; Efé. 4:4-6), mas Ele opera/trabalha de maneiras diferentes. E a bíblia chama isso de “dons” do Espírito Santo.
- O “dom” do Espírito Santo é Ele mesmo sendo dado (o que Jesus fez com o Espírito), e os “dons” do Espírito Santo são Seus poderes milagrosos dados aos homens (o que o Espírito fez ao ser derramado).
- O “dom” era em igual medida para todos que obedeciam ao Evangelho (Atos 2:39; 5:32), e é um fato confirmado que os “dons” não foram dados a todos que foram batizados em Cristo.
- Resumindo: O “dom” é o resultado do batismo com o Espírito Santo (o que Jesus fez no dia de Pentecostes), e os “dons” do Espírito, foi o que o próprio Espírito fez após ter sido derramado sobre toda a carne; quando Ele “descia”, “pousava”, “caía” sobre alguém. No primeiro caso a ação é de Jesus com o Espírito, no segundo é do próprio Espírito sobre as pessoas (Atos 2:4; I Cor. 12:11).
B. A imposição de mãos dos Apóstolos - Atos 2:43; 4:33; 5:12 e Atos 6:3-6,8; 8:6
1. Antes da imposição de mãos dos Apóstolos ocorrida em Atos 6, somente são mencionados milagres e sinais realizados pelos apóstolos.
- Após a imposição de mãos dos Apóstolos, ocorrem as primeiras menções de milagres e sinais operados por outros que não eram do grupo dos Apóstolos.
- Mas, esses referidos acima, são homens que receberam a imposição de mãos dos Apóstolos em Atos 6. Obs.: Antes de imporem os Apóstolos as mãos, aqueles homens já eram cheios do Espírito Santo (v.3).
2. Os Apóstolos foram enviados a Samaria para impor as mãos e conceder poder milagroso do Espírito Santo (Atos 8:14-19).
- Sem dúvida aquelas pessoas tinham o Espírito Santo habitando nelas (“o dom”), mas este fato não indicava, necessariamente, autorização para realizar prodígios. Se não fosse assim, estaríamos diante de uma provável contradição. Logo, o termo “... para que recebessem o Espírito Santo (v.15)”, deve referir-se aos dons milagrosos do Espírito Santo, como ocorreu e foi constatado pela manifestação observada por
Simão. Note também o termo “descido (v.16)”, que indica ação direta do Espírito.
- A concessão do poder milagroso sempre era acompanhada de uma manifestação visível (“... vendo, porém, Simão...” - v.18).
- Simão reconheceu, com isso, que os Apóstolos tinham poder para autorizar o exercício dos dons milagrosos do Espírito {“... que pelo fato de imporem os Apóstolos as mãos (Filipe não o fez)...” - v.18}. Lembramos do após Atos 6 (a imposição de mãos dos Apóstolos), quando Estêvão e Filipe começam a exercer os dons milagrosos.
3. Em Atos 19, Paulo nos confirma o fato de que o recebimento do Espírito Santo se dá no batismo e que crer implica em dar todos os passos requisitados por Deus para a salvação (“... recebestes, porventura o Espírito Santo quando crestes?”. “... Em que pois fostes batizados?” - v.2,3).
- Após terem sido batizados, e consequentemente, recebido o dom do Espírito para habitação interior, foram autorizados pela imposição de mãos de Paulo a exercerem os dons milagrosos (v. 5,6).
- Note o termo “veio” sobre eles o Espírito (v.6)”, que indica ação do Espírito.
Obs.: Autorização para o exercício dos dons milagrosos do Espírito Santo pela imposição de mãos dos Apóstolos, após Seu derramamento em Atos 2, é a regra geral apresentada na bíblia. Podem ter ocorrido exceções além de Atos 10 {O Espírito “caiu” sobre eles (v44)}; que foi uma intervenção direta de Deus para mostrar aceitação para com os gentios, mas se ocorreram, não são mencionadas. É sempre perigoso fazer das exceções a regra geral, isso poderá nos distanciar das verdades bíblicas.
II. ORIENTAÇÕES ACERCA DO USO DOS DONS MILAGROSOS
A. Espiritualidade e dons milagrosos do Espírito Santo, não estão, necessariamente interligados - I Cor. 3:1-3
- A igreja na cidade de Corinto possuía diversos dons do Espírito Santo, mas ainda assim era uma igreja cheia de problemas causados por imaturidade (divisão e contendas, impureza, litígio entre irmãos, desordem no culto, orgulho, ausência de amor, etc.).
- O fato de alguém possuir algum dom milagroso não fazia da mesma uma pessoa espiritualmente madura.
B. Nem todos precisavam obrigatoriamente possuir algum dom milagroso, e os que possuíam, não possuíam os mesmos dons que os demais - I Cor. 12:11 (v.4-10); 12:28-30
- Qual é as respostas para os versículos 29 e 30?
- Parece que há um pensamento comum em nossos dias que contraria esse ensino mencionado acima. Esse pensamento diz que todos os que possuem o Espírito Santo falam, e até mesmo devem falar em outras línguas.
C. O dom de línguas do Espírito eram idiomas - Atos 2:8-11; I Cor. 14:10
- O dom de profecia (falar da parte de Deus) era superior ao de línguas (I Cor. 14:5).
- Se não houvesse intérprete, o dom de línguas não deveria ser exercido (I Cor. 14:5-19).
- As atividades do culto precisavam ser inteligíveis (v. 9,14-19,28).
- Deviam dar condições para serem julgadas (v.16,29).
- O dom de línguas era um sinal para os incrédulos e não para os crentes (I Cor. 14:20-22).
- Não deviam falar em outras línguas todos ao mesmo tempo (I Cor. 14:23).
D. O Exercício dos dons precisava ser feito de uma forma ordenada e decente - I Cor. 14:26-33,40
- As reuniões e suas atividades precisavam ser para a edificação, e não como um palco para que alguns fizessem seus “shows” de exibição.
- Deus não quis dar destaque a ninguém através dos dons, mas beneficiar a igreja. O que importava não era o dom em si, mas o seu uso, e este uso devia ser feito em amor.
- Deviam ser inteligíveis, ordenadas e decentes, e não apenas êxtase emocional e prática de sensacionalismo (v.14, 15).
- E se alguma atividade exercida no culto não servisse ao seu propósito (edificar, exortar, consolar e instruir - v. 3, 12, 17, 19, 26, 31), não tinha porque ser realizada.
E. O espírito não age fora de nosso controle - I Cor. 14:32 (Obs.: Dizer que ordem e decência no culto inibe o Espírito Santo é contradizer a Deus, ou seja, é mentira).
F. Uma advertência aos que ignorarem tais instruções - I Cor. 14:37-38
- Podemos não gostar desse ensino, é prerrogativa nossa, mas devemos obedecê-lo.
G. O maior dom é o amor - I Cor. 12:31, 3, 4-7, 8-10, 11-12, 13
- O exercício dos dons por razões egoístas e sem amor, de nada valia.
III. CARACTERÍSTICAS COMUNS DOS MILAGRES E SINAIS NA BÍBLIA
A. Era algo sempre além da capacidade e recursos humanos (impossível aos homens);
B. Acontecia na mesma hora (instantâneo);
C. Perfeito (completo);
D. Muito evidente (inegável);
E. Não exigia publicidade (despretensioso);
F. Não havia necessidade prévia de criar ambiente propicio (sem uso de dinâmicas e/ou emoções);
G. Servia a propósito(s) Divino(s) (não a razões pessoais ou egoístas).
EXEMPLOS:
1. Jesus acalma a tempestade (Mat. 8:23-27);
2. A Ressurreição de Lázaro (João 11:4, 14-15, 38-45, 47);
3. A Ressurreição da filha de Jairo (Lucas 8:49-56);
4. A cura de um leproso (Lucas 5:12-14);
5. A cura de um surdo gago (Marcos 7:32-37)
6. A cura do homem da mão ressequida (Mat. 12:13)
7. A cura do coxo (Atos 3:4-10; 4:14-16)
Obs.: As características comuns dos milagres e sinais realizados na época de Jesus e dos Apóstolos, servem como referência para diferenciar um autêntico milagre ou sinal de uma farsa (suposto milagre).
Houveram falsos sinais e prodígios na época bíblica:
# Simão, o mágico - Atos 8:9-11
# Elimas, o mágico - Atos 13:6
# E vários outros mágicos - Atos 19:18-19
- Como identificar falsos sinais e prodígios? Alguns traços mais comuns que divergem dos autênticos:
Uso de dinâmicas de Hipnotismo
+ Ambiente emocional propício - ritmo, volume, carisma catarse coletiva;
+ Sugestões ao subconsciente;
+ Supostas realizações que não podem ser constatadas (cura de dores ou doenças internas).
Obs.: Uma pesquisa revelou que entre 60 a 90% das doenças físicas estão relacionadas às condições emocionas de seus portadores. Essas pessoas podem ser tratadas e até curadas através de dinâmicas que acionam o poder da mente sobre o organismo do paciente. E em nossos dias ouve-se noticias de curas em nomes de “deuses”, espirito de mortos”, etc.; que não passam de exercício hipnotismo e/ou uso do poder da mente. isso também pode ocorrer no meio Evangélico.
Houveram sinais e prodígios em épocas bíblicas cujo a fonte do poder não foi Deus nem o Espirito Santo:
# Os Magos do Egito - Êxodo 7:11, 22, etc.
# Prática do espiritismo - Deut. 18:9-14
# Adivinhações - Atos 16:16-18
# Exorcismo - Atos 19:13-16
# Falsos cristos e profetas - Mat. 24:23-24 ( II Cor. 11:13-15
# O “iníquo” - II Tess. 2:9-10
- Realizações milagrosas não eram a única e suficiente credencial de um homem de Deus (Mat. 7:21-23).
- Para tornar-se umas das credenciais de um homem de Deus, realizações milagrosas precisam ser acompanhadas de pregação da verdade ( Deut. 13:1-5; Jer. 14:14; 23:28-32
- Um evento sobrenatural é de Deus somente quando leva a fé no Deus verdadeiro e é coerente com as revelações dadas nas Sagradas Escrituras promovendo os propósitos Divinos.
IV. O PROPÓSITO DIVINO DOS MILAGRES, SINAIS E PRODÍGIOS
A. “... Para que creiam que te apareceu o Senhor...” - Êx 4:1-9
B. “... Sabemos que és mestre vindo da parte de Deus; porque ninguém pode fazer os sinais que tu fazes, se Deus não estivesse com ele.” - João 3:2
C. “... Vendo o que fizera Jesus, creram nEle.” - João 11:45
D. “pregaram em toda parte, cooperando com Jesus o Senhor, e confirmando a palavra por meio de sinais, que se seguiam.” Mar. 16:17-20 (Atos 14:3)
Exs.: 1. Atos 8:6, 13. 2. Atos 9:33-35. 3. Atos 9:40-42 4. At 13:8-12
- Observe que as realizações milagrosas eram geralmente precedidas de pregação das boas novas e consequentes conversões.
- Fazer um sinal sem razões que visassem a divulgação das boas novas (ex.: curar por curar), não era a prática comum dos apóstolos (II Cor. 12:8-9; II Tim. 4:20)
E. “...Foi-nos depois confirmada pelos que ouviram; dando Deus testemunho juntamente com eles, por sinais, prodígios e vários milagres, e por distribuição do Espirito Santo segundo a sua vontade.” - Heb. 2:1-4
F. “...Estes, porém registrados para que creiais que Jesus é o Cristo...” - João 20:30-31
- No primeiro século como os divulgadores do Evangelho poderiam responder as seguintes perguntas:
- “Com que autoridade você nos ordena fé em Jesus, arrependimento e batismo para salvação?”
- “Por que devemos ouvir e acreditar no que vocês estão dizendo?”
- Confirmação direta da parte de Deus foi necessária (Mar. 16:20; Atos 14:3), pois não havia palavra de Deus escrita como temos hoje.
- Hoje como seriam respondidas essas mesmas perguntas mencionadas acima?
- Abrimos nosso Novo Testamento e mostramos a palavra de Cristo já confirmada (João 20:30-31; Tiago 1:21).
G. “Havendo profecias, desaparecerão; havendo línguas, cessarão; havendo ciência, passará... então o que em parte será aniquilado.” - I Cor. 13:8-10
- Nas ultimas cartas do Novo Testamento não encontramos menção sobre o uso dos Dons Milagrosos do Espirito Santo (para sermos mais exatos só na primeira carta aos coríntios é que há tal menção); por que acontece isso?
- Nem sempre Deus deu poder milagrosos aos seus servos, mas sempre agiu poderosamente através deles (Ex.: Abraão, Davi, Maria, José, etc.).
CONCLUSÃO:
O poder de Deus sempre foi, é e sempre será o mesmo. Mas a forma dEle atuar nem sempre é a mesma. Isso é o que observamos através das páginas da Bíblia.
Não devemos dar gloria a Ele exclusivamente mediante a realizações milagrosas. A sua palavra nos ensina que até o mover e cair das folhas das arvores é mediante o seu poder.
Hoje temos evidencias suficientes da atuação e presença do poder de Deus em nossos dias e vidas ( Ex.: transformação, curas, etc.).
Não podemos limitar o poder de Deus, mas não somos nós que determinamos o uso deste poder e sim Ele mesmo.
Os autênticos dons milagrosos do Espirito Santo estão sendo comumente exercidos em nossos dias? Estudando atentamente sua bíblia poderá chegar a sua própria conclusão.
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